T: Saludos Tenebrae! Porque el nombre de Crepúsculo Dos
Ídolos? Han leído El crepúsculo de los ídolos un libro escrito en 1888 por el
filósofo alemán Friedrich Nietzsche? De ahí quizás proviene el nombre de la
banda?
Tenebrae: Saudações a ti Carlos e aos leitores da TchorT
Zine. Temos conhecimento não apenas do livro homônimo, mas de outras obras de
Nietzsche. Dois dos membros da horda possuem graduação em Filosofia e admiram
muito a obra deste grande poeta-filósofo que foi Nietzsche. Quando o nome foi
escolhido eu não fazia parte da banda ainda. A meu ver o livro é bastante
técnico e envolve uma crítica contundente acerca de grandes pensamentos tidos
como verdadeiros, tais como a crença no sujeito, a crença na linguagem enquanto
forma de discorrer sobre o real, a crença na própria materialidade do mundo e
outros. Com o avanço das ciências a partir do Movimento Iluminista, estas
passam cada vez mais a tomarem o lugar ocupado pela religião e a verdade
torna-se o novo Deus, o novo Ídolo. Nietzsche era tanto avesso a um Deus
criador, regulador e mantenedor do universo quanto à existência de Verdades Absolutas.
Em suma, para ele, uma verdade deste tipo era apenas uma variação do conceito
de Deus. A expressão “Crepúsculo dos Ídolos” quer se referir, desse modo, ao
fim de todo e qualquer dogma, seja ele Deus, Demônio ou Verdade. Este nome nos
influenciou imensamente nas primeiras duas Demos, nas quais criticamos
mordazmente o cristianismo e seu análogo indissociável, o satanismo. Mas, como
Iezide falará adiante, o nome vai adquirindo um significado diferente com o
passar do tempo, a horda Crepúsculo dos Ídolos segue formando sua identidade e
seu nome transcende esta proposta inicial, mas conserva ainda o vigor da luta
contra os dogmas limitantes. O crepúsculo, enquanto fim do dia está prenhe do
amanhã, seu tom é escuro, mas ainda conserva em si os raios da luz solar. A
mistura de trevas e luz garante que mesmo na hora mais escura, surgirá um novo
ciclo.
Iezide: 93! O Homem não escolhe. A “escolha” se dá no Homem.
Nós fizemos uma lista com alguns nomes sugeridos pelos primeiros membros da
banda. Somente eu sabia da associação deste nome com o Livro de Nietzsche, mas
este foi o nome unânime escolhido por nós. Até hoje minha mente me dá novos
significados para o nome “Crepúsculo dos Ídolos”, somente há alguns meses atrás
eu me dei conta da relação entre o fenômeno natural crepúsculo com Anubis,
outro fenômeno natural. Mas isso é outra coisa.
Crepuscular.
Ser do limiar.
Nem aqui e nem lá.
Nem vivo e nem morto.
Nem escuridão e nem luz.
Transita livremente sobre os mundos.
“imundos, aqueles que estão lá ou aqui, e permanecem”, tu diz.
Crepuscular.
Seu lar é vagar.
Anúbis.
O púbis da vida abriu suas passarelas.
O que és tu se não estás nem vivo e nem morto?
No porto aonde chega o seu barco te reconhecem como “aquele que não mora”.
Desforra Anúbis.
Não está você livre?
Ser do limiar.
Nem aqui e nem lá.
Nem vivo e nem morto.
Nem escuridão e nem luz.
Transita livremente sobre os mundos.
“imundos, aqueles que estão lá ou aqui, e permanecem”, tu diz.
Crepuscular.
Seu lar é vagar.
Anúbis.
O púbis da vida abriu suas passarelas.
O que és tu se não estás nem vivo e nem morto?
No porto aonde chega o seu barco te reconhecem como “aquele que não mora”.
Desforra Anúbis.
Não está você livre?
T: Tienen formados desde el 2004 lanzaron dos demos:
Crepúsculo dos Ídolos “Crepúsculo dos Ídolos” y Crepúsculo dos Ídolos - “Babilônia
666” que tal les fue con estos demos?
Iezide: Fiquei muito satisfeito por estes dois primeiros álbuns.
Cada obra é a manifestação de uma certa interioridade do artista. O primeiro
trabalho (Crepúsculo dos Ídolos), falando das letras, é uma guerra contra as
religiões como o cristianismo e o satanismo (aquele de vertente bíblica). O
segundo é um álbum thelêmico, “Babilônia 666” fala de entrega.
Kether: Vejo que em um quadro geral, as pessoas responderam
melhor à nossa segunda demo “Babilônia 666”. Muitas pessoas nos lembram de
músicas da nossa primeira demo como: “Divina Blasfêmia”, “Vísceras de Sirius”,
“Babalon” entre outras, mas não ouvimos mais grande repercussão da primeira
demo na mídia especializada. Em contrapartida, alguns meses atrás – novembro de
2012 para ser mais exato – ainda encontramos matérias sendo divulgadas sobre a
“Babilônia 666”. Obviamente que não vejo isto como um demérito, ou como se
nossa primeira demo fosse menos importante, pois afinal foi ela quem deu o
pontapé inicial.
A demo “Crepúsculo dos Ídolos” foi a cristalização de todo um surgir e ressurgir. Digo ressurgir, pois a própria formação dos integrantes da banda ainda era instável; eu, por exemplo, entrei depois da saída do baixista que estava desde o começo. E surgir, por ser a partir desta demo, que passamos a ser vistos, que lançamos as bases ideológicas e sonoras do que somos. Resumindo, ela é um elemento concreto extremamente carregado de significados.
A demo “Crepúsculo dos Ídolos” foi a cristalização de todo um surgir e ressurgir. Digo ressurgir, pois a própria formação dos integrantes da banda ainda era instável; eu, por exemplo, entrei depois da saída do baixista que estava desde o começo. E surgir, por ser a partir desta demo, que passamos a ser vistos, que lançamos as bases ideológicas e sonoras do que somos. Resumindo, ela é um elemento concreto extremamente carregado de significados.
Tenebrae: A horda C.D.I. (Crepúsculo dos Ídolos) sempre foi
original e nossas demos têm a mesma duração de um Full-Lenght; cada álbum nasce
como uma criatura gerada pelo ser Crepúsculo dos Ídolos, e por isso têm, e
sempre terão, o nosso apreço. Cada demo era o resultado do nosso melhor e nos
sentíamos muito satisfeitos após cada criação, após cada música composta, após
cada gravação. O reconhecimento não veio muito cedo. Quando ouvimos nossos
primeiros trabalhos, percebemos as limitações das gravações; a qualidade sonora
não é das melhores, tudo foi feito com poucos recursos e de modo absolutamente
independente; no entanto, não creio que isto manche a nossa imagem, as
composições são boas, as letras da primeira demo são extremamente fortes e as
da segunda demo são extremamente entusiásticas; são ótimos trabalhos. Não vejo
a limitação técnica da gravação como algo a se lamentar, mas sim como o
registro do que vivemos na época; naquelas gravações reside a sonoridade
respectiva à personalidade daquele tempo, daquilo que vivíamos. Gosto da
diferente sonoridade de cada período de uma banda e creio que especialmente os
fãs do Underground sabem como apreciar isso. Já pensamos em regravar as demos,
pois as músicas são muito boas, mas ao mesmo tempo gostamos da idéia de
conservar esta personalidade sonora.
T: Su CD debut es con “Thoth” con 9 excelente temas nos
puedes contar más de este CD? De Las letras de cada canción? Cuál es la
temática de sus letras?
Iezide: Este trabalho
foi baseado no Tarot. O Tarot é uma forma de se descrever os elementos da
natureza. É como dizer que a música “Volúpia” descreve um elemento da natureza.
Para os místicos e para alguns cientistas, não há diferença entre os
sentimentos e a constituição natural e biológica das coisas. A “Morte” ou o
“Diabo”, figuras do Tarot descritas nas músicas, são substâncias vivas
presentes nos acontecimentos da natureza.
Tenebrae: Em termos musicais, todos os integrantes concordam
que foi um salto. A atmosfera criada neste CD foi algo único. As composições
ganharam identidade e consistência. As gravações de teste, desde a primeira
música nos surpreenderam. Também foi um CD que nos desafiou no que diz respeito
à sua gravação. Gravar um CD de qualidade, de modo independente, com poucos
recursos e sem nenhum técnico para auxiliar na gravação foi algo bastante
difícil e trabalhoso. Thoth representa para nós “superação”, em todos os
sentidos, não apenas musical ou técnicamente, mas também na esfera pessoal.
T: Que representa para ustedes la caratula del CD “Thoth”?
Iezide: Esta figura possui vários significados, dependentes da
época em que o símbolo é empregado e do nível de compreensão de cada
observador. O Homem está pendurado de cabeça para baixo. Inverteu-se aquilo que
se chama Homem, ele está invertido. Ele está pendurado como um morcego. O
morcego se alimenta do sangue que não é dele. O Homem não existe mais. É uma
iniciação, é uma morte, uma morte voluntária, é uma entrega, um sacrifício de
si, voluntariamente, para algo maior. Uma morte por enforcamento, e a pessoa
quer se enforcar. Antes esta carta se chamava “O Enforcado”, agora é “O Homem
Pendurado”. O Homem está pendurado pelas pontas dos pés pela cruz que
representa a caminhada.
T: Como les ha ido con la distribución del CD. “Thoth” y
porque el titulo?
Tenebrae: Já possuíamos alguma visibilidade no cenário
brasileiro com as nossas duas demos. Com o lançamento do “Thoth” essa
visibilidade aumentou consideravelmente. Ele foi muito bem recebido pela
crítica especializada. A distribuição foi feita em grande parte pela Black Goat
Productions; há exemplares do “Thoth” rodando por todo Brasil e também pela
Europa. Agora estamos buscando uma maior divulgação pela América Latina que é a
nossa casa e que é o lugar onde a nossa festa pode realmente acontecer. Quanto
ao título do álbum “Thoth”, pois bem, ele se refere ao baralho de tarot
desenvolvido pelo ocultista inglês Aleister Crowley: “O Baralho de Thoth” como
é chamado. Thoth é o Deus egípcio da Sabedoria, é também o mensageiro. Deixo
maiores considerações acerca do título para Iezide.
Iezide: Pois bem, como dito, o tema do CD é o Tarot. O
Tarot é uma descrição do universo. Quem descreve o universo, qualquer um,
qualquer pessoa que descreve o universo, o próprio ato de se descrever algo, de
escrever, de tabular ou organizar, este ato é um ato natural representado por
um impulso natural tipificado simbolicamente por Thoth, o arquétipo da
sabedoria, da descrição, da escrita, da magia, da ciência etc. A sabedoria
possui vários nomes descritivos, a própria palavra sabedoria, também Thoth,
Tahuti, Hermes, aqui no Brasil, pela umbanda, “Preto Velho” etc. O Símbolo é
estéril, o que está por detrás do símbolo é vivo.
T: No hay duda que su estilo es un brutal e infernal Black
metal, que bandas influyeron en su estilo para crear estas insanas melodías?
Iezide: É muito
difícil dizer o que me influencia. Influência para mim é identificação.
Acredito que cada sentimento e pensamento possui um ritmo, um modo musical. O
sentimento-musical que se manifesta em mim tem origem religiosa, mística,
filosófica. Também tem origem mórbida, infernal, no sentido de subterrânea, do
escondido, do oculto, do que está por detrás da vida ordinária. Também tem
origem bélica, de guerra, de força e fogo, de vigor, de poder. Nós fazemos
músicas de poder.
T: Que tal trabajar con C.D.I Records y Black Goat Productions?
Reciben el apoyo suficiente para difundir su música?
Tenebrae: Tivemos inúmeros contra-tempos, especialmente pelo
fato de morarmos na região sul e nossa produtora ser da região norte do país, o
que acaba gerando algumas dificuldades, mas nada que não se possa superar. Em
suma, foi uma parceria muito produtiva. O Flavio (Black Goat Prod.) tem feito
um trabalho excelente na distribuição. O reconhecimento a nível nacional também
têm aumentado muito depois do lançamento do nosso Debut, creio que há muitos bangers ouvindo C.D.I. O que tenho a
dizer é que isso é fruto de toda uma equipe e de pessoas empenhadas no
underground. As zines são um ótimo meio de divulgação e somos gratos por seu
trabalho; temos feito um grande número de entrevistas e as fazemos com imenso
prazer. Também contamos com o apoio do Baron Von Causatan que apresenta alguns
programas na webradio Dark Radio (www.darkradio.com.br)
e está à frente da Vampiria Records. Quanto a C.D.I. Records, pois bem, todas
as nossas demos e também o nosso Debut Album foram gravados em um Home Studio.
Valorizamos muito o fato de nós mesmos sermos os produtores do nosso trabalho,
quem dá o crivo final somos nós; e já que é assim e, de acordo com o mercado do
metal, não há previsões de que uma gravadora invista no nosso trabalho,
decidimos criar nossa própria gravadora, e foi aí que surgiu a idéia da C.D.I.
Records, uma gravadora para gravar exclusivamente o material da “Crepúsculo dos
Ídolos”. Mas não pensem em nada muito colossal, o “Thoth”, se comparado com
outras produções de outras bandas, foi gravado com recursos bastante limitados,
basicamente alguns microfones, um computador e uma mesa de som numa salinha
apertada revestida com caixas de ovo. Apesar disso, estamos extremamente
satisfeitos com o resultado, depois de alguns meses trabalhando na finalização
das gravações, atingimos uma boa qualidade. Nós, enquanto integrantes, também
fazemos nosso papel na divulgação e creio que o underground ainda não pode se
dar ao luxo de deixar toda divulgação por conta dos produtores; quem vive neste
meio sabe o quanto o público é restrito e seleto. O que oferecemos não serve
para qualquer um; o underground habita a pequena linha que divide a
popularização e a extinção.
T: Con que bandas han compartido escenario? Y en que
ciudades han tocado?
Tenebrae: Já tocamos com bandas como Imperious Malevolence,
Blackmass, Carnivore Mind, Vomitification, Hellbefore, Holder, Subtera, Hazy
Hamlet, Sacro Goat, En Fandens Rider, Headtrashers, Evil Cult, Holcaust Winds,
Diabolical Hate e uma porção de outras bandas que já nem existem mais. Tocamos
geralmente em cidades vizinhas de onde moramos, creio que a mais famosa delas
seja Foz do Iguaçu, a cidade das Cataratas. Em 2012 fizemos um show em Mato
Grosso do Sul, perto da divisa com São Paulo.
T: Como vez la escena Black Metal de Brasil? Existe muchas
bandas de Black Metal recomiendas algunas en especial?
Tenebrae: A meu ver a cena conta com pouquíssimo apoio aqui
no Brasil, já deixamos de fazer vários shows porque o produtor não queria
sequer pagar as despesas com passagem. Quase todas as bandas tocam de graça,
porque de outro modo não se toca por aqui. Creio que nem os produtores nem o
público valorizam as bandas. Geralmente há uma programação de bandas muito
extensa o que acaba cansando o público e aumentando muito o custo do show. Por
aqui existem sim, muitas bandas de Black Metal, mas poucas se mantém ativas, a
maioria se desfaz. Dentre as melhores bandas de Black Metal aqui do Brasil eu
destacaria Vultos Vocíferos, Torqveren, Amen Corner, Miasthenia, Blackmass e
Evilwar.
T: Actualmente trabajan en nuevos temas para el siguiente
CD? Que planes para la banda?
Iezide: Sou avesso a idéia de plano ou meta. Mas,
acredito que posso antecipar algo do que irá acontecer, embora ache isso um
cálculo com números que ainda não existem. Mas o próximo álbum falará sobre
sexo em sua maioria. Falará de uma maneira especial sobre o sexo. O sexo
enquanto magia. Magia Sexual. Também, acredito que o próximo CD, o “Álbum 4”,
trará uma guerra impetuosa contra os mulçumanos, os islâmicos e judeus, estes
monstros que devem ser eliminados da face da terra.
Tenebrae: Para este ano de 2013 desejamos gravar nossa 4ª
obra, já estamos em processo de finalização das composições, esse é o nosso
foco para este ano. Também estamos planejando alguns shows por São Paulo. No
entanto, tudo isso depende da confluência de vários e complexos fatores; possa
o universo engendrar as causas que operem em favor desses fenômenos.
T: Algunas Palabras finales para los lectores de The Legion
Of TchorT Zine y donde podemos adquirir su mercancía?
Tenebrae: Deixaremos alguns links de sites que comercializam
nosso Debut álbum (Thoth); o material também pode ser solicitado diretamente conosco.
Agradecemos imensamente o espaço cedido para a exposição do nosso trabalho.
Agradecemos especialmente o interesse dos leitores que dedicaram um pouco de
seu tempo para ler esta entrevista.
Que cada um pergunte a si mesmo o que realmente quer, que cada
um se conheça o suficiente para não se deixar enganar por falsas vontades ou
por vontades egoístas e superficiais; precisamos acabar com este mau-costume de
apontar o dedo para a existência (eu chamo a isto estar além do bem e do mal),
que cada um olhe para si mesmo antes de se queixar das circunstâncias a seu
redor, na maioria das vezes somos nós mesmos que nos colocamos em tais
circunstâncias. E então eu vos digo “Faça o que tu queres”, pois, na verdade,
não existe outro direito ou outra possibilidade senão essa. Um grande abraço a
todos, especialmente a ti Carlos, por ter nos concedido esta entrevista. Deixo
alguns links para aqueles que quiserem acompanhar nosso trabalho.
Para Shows contactar: management@vampiriarecords.com
Para adquirir material:
Sites de fora do Brasil:
Sites brasileiros: